terça-feira, 14 de abril de 2009

VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA - IMPUNIDADE





Falar de impunidade assim parece que mais uma vez alguém vai bradar contra algum escândalo público que ficou "na pizza". Quando ouvimos ou lemos esta palavra já a associamos à política no Brasil, ou à falta de Justiça em algum caso que se tornou público, mas não é o caso deste texto.

Estas palavras são de uma mãe, como tantas outras mães, que sentem muito quando seus filhos são destratados. No meu caso foi na escola de minha filha. No meu caso a sutileza dos acontecimentos garante esta sensação de não se poder fazer muito, ou se fazer nada além de, mesmo estando certa, ter que se retirar.

Minha filha já passou por 4 escolas, pois eu morava em outra cidade e quando me mudei para Salvador a coloquei numa escola bem próxima de casa. Nesta escola ela teve uma ótima recepção e ótimas professoras. Amorosas, simpáticas, educadas, comprometidas com a docência, enfim, competentes. Mudei-me mais uma vez de bairro e a mudei de escola. Foi um choque! Uma escola mais cara, mais tradicional, com uns 40 anos de "mercado" [pois o ensino virou isso mesmo: MERCADORIA], turmas menores, crianças que se conheciam desde pequenas, uma professora fechada, de voz levemente grossa, pouco doce [eu diria de jeito azedo], irônica, meio tosca. Mas isso é o que eu acho hoje, no dia em que a vi pela primeira vez eu não emiti juízo de valor porque não é de meu feitio recharçar ninguém pela imagem. Até o dia em que minha filha levou para escola a tarefa de casa que eram figuras geométricas montadas e coladas; uma delas, a mais complicada, ela me pediu para colar. Somente uma delas. Eu colei e ela olhando. Na escola ela disse: "tia - não sei por que diabos se chamar professora de tia - eu fiz a tarefa; estas daqui eu fiz sozinha, mas esta minha mãe colou", a professora olha pra ela na frente de todos os colegas e diz: "ainda tem a cara de pau de dizer que foi a mãe que fez, vou colocar uma fardinha em sua mãe e botar ela sentada na sala junto com você". Imaginam como ela se santiu? Como uma pessoa se sente na frente de um grupo que se conhece há trocentos anos e é exposta desta maneira. Como se sente quem recebe uma ironia destas e nada pode fazer.

Eu fui lá conversar com ela, ela negou. Falei que minha filha tinha se oferecido para vir comigo no dia seguinte confirmar na frente dela. Ela deve ter achado que era blefe, mas Lili foi. E olhando nos olhos da professora contou como tudo aconteceu, sem pestanejar. Ela tinha oito anos. No dia seguinte procurei a diretora que me pediu calma, compreensão, uma vez que a professora passava por um momento muito delicado. Um parente tinha morrido e deixado uma filha e ela era a única a sustentar a criança e bla bla bla. Minha raiva é que eu achei de compreender! Eu avisei somente que não iria admitir se repetisse esta situação. Com certeza, hoje eu sei, que ela deve ter feito cara de poucos amigos para minha filha até o final do ano. Mas a lição ficou: não fale a verdade, porque você será punida!

Semana passada, recebo eu um aviso na agenda de minha filha, manuscrito em caneta verde, dizendo que ela tinha mentido. Só para situá-los: esta "professora" da 2ª série é a mesma da 4ª série. Lili fez uma tarefa errada, que ela mesma achou mal-feita, na hora de entregar à professora ela mentiu dizendo que não tinha feito, rasgou a folha, embolou e jogou no lixo. A professora pegou o papel e guardou para me mostrar, então escreveu na agenda que a mentira não é a melhor forma de resolver os problemas. Concordo! Mas esta demagogia dela me matou! Resolvi ir lá, mas não sem antes questionar o motivo à minha filha dela ter mentido. Ela me disse que estava com medo da professora. O quê??? Medo, por que? "Porque ela me constrange na frente dos outros. Grita quando a gente erra e arranca a folha do caderno". Eu fervilhei de raiva. Como assim??? Fui na escola falar com ela, já que ela tinha me mandado um bilhete, não? Questionei, entretanto para que ela arrancava a folha do caderno das crianças se elas mesmas podiam fazer isso, mas ela não soube me responder. Questionei se era para minha filha se sentir encorajada a falar a verdade ou a mentira, pois o comportamento dela era dúbio demais para ser entendido claramente; ela não soube me responder. Questionei se minha filha a desreipeitava, se a enfrentava, respondia; ela também ficou em silêncio. Por mais que não se justifique, uma criança assim irrita profundamente até um santo, mas Lili não é assim. E claro que para a professora suas próprias atitudes não passam de uma brincadeira e que a família de Lili tem uma implicância com ela.

Eu também não mencionei que Lili conversa durante o sono. Senta-se na cama e fala das coisas do dia a dia. sabem qual é o assunto constante dos pesadelos dela? Adivinhem...! A escola, a professora "x", sendo nomeada em alto e bom som; os assuntos de Matemática que ela não consegue resolver, e as aulas de natação que até o bater de pernas ela repete! Quando eu perguntei o motivo dela ter mentido sobre a tarefa, ela me contou tudo isso chorando, disse que ficava com vergonha na sala.

A professora também me disse que para "evitar confusão" nem mais briga com minha filha, ela relata tudo à diretora quando termina a aula e a diretora é quem conversa com ela. Avaliem que tipo de comportamento é este. Também me digam o porquê de eu ter estado duas vezes na escola e não ter conseguido falar com a diretora. Digam-me também se é possível eu ter questionado minha filha a história muitas vezes ela ainda não ter caído em contradição e ainda assim ela estar mentido descaradamente, inclusive durante a noite dormindo. É possível um ambiente de aprendizado como este permitir o erro e a liberdade para se dizer: "eu não entendi"? Digam-me o que pode ser feito, se VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA não deixa marcas visíveis. Não é violência? Vejam um dos conceitos:

"Violência escolar é uma das modalidades da violência institucional que Tomkiewicz (1997, p.310) define como “toda e qualquer ação cometida dentro de uma instituição, ou toda ausência de ação que cause à criança um sofrimento físico ou psicológico inútil e/ou bloqueie seu desenvolvimento posterior".

E ainda:

"Abramovay (2002), adverte que ao analisar as escolas, não basta focalizar atos criminosos extremos, como vandalismos, roubos, brigas entre alunos, desrespeito a professores, depredações, extorsão, mas também “as violências simbólicas, verbais, morais, psicológicas” dos funcionários contra os alunos."

Tirar minha filha desta escola... matriculei-a, livros comprados, fardamento comprado, material comprado e tudo isso teve um custo nada baixo. Quem arca com isso? Procurei um advogado e ele me disse: "o difícil é conseguir provar". Aí vocês podem pensar: "procure outras crianças, outras mães". E eu lhes respondo que se estas atitudes dela fossem generalizadas, ela não mais estaria na escola. Como também lhes garanto que qualquer tipo de constrangimento praticado por um adulto a uma criança nem empre é sentido pelas outras ou as crianças se sentem desencorajadas a falar. Conversei com uma coleguinha de minha filha que confirmou os gritos e as folhas rasgadas pela professora, mas disse que a "tia" era "legal".

Não sei como resolver tudo isso sem causar mais danos a minha filha. Estou me sentindo refém e tendo que provar, sendo obrigada a provar que somos vítimas. Enquanto isso, eu lhes peço que prestem bastante atenção aos filhos, sobrinhos e crianças que vocês conhecem. Se ouvirem deles que "estou com medo da professora" como eu ouvi de minha filha não achem que é manha de criança que não quer ir para escola.

Não tenho mais o que dizer. Deixo-os com o Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 53 - ll - A criança e o adolescente têm o direito de
serem respeitados por seus educadores.

Art. 232 - É crime "submeter criança ou adolescente
sob sua autoridade a vexame ou
constrangimento"

(Detenção de seis meses a dois anos).


**
*

11 comentários:

thiala disse...

é samia...
tou trite por essa pró...
preocupada em saber, q como esse, existem muitos outros casos, e nas tantas outras crianças q já sofreram cm esta senhora.
um bracço e força para q n desita em fazer justiça
não podemos nos acomodar!!
thiala

Marcelo disse...

Escola particular costuma ter cuidado com a imagem...

Diga à diretora que a melhor propaganda é a de boca e ela nem imagina o que vai sair da sua com relação a professora, a diretora (ela) e a escola.

Bem, noutros tempos eu te recomendaria um terrorzinho com a professora... rsrsrs... Mas eu fui para a luz... Não faço mais isto... rsrsrs... Só faz uma coisa: Descobre onde a professora mora e todo dia joga um punhado de milho no terreno da casa (ou prédio) dela... Vai juntar pombo lá pra comer o milho... Isto dá certo (eu já fiz!).

Beijo.

Nena disse...

Sabe o que acho??
Lili incomoda essa professora porque deve ser muito mais inteligente! hahahaha Professores detestam alunos questionadores!


E quer um conselho?
Diga às pessoas interessadas que vai entrar na justiça contra a professora e a escola. Rapaz, só o fato de uma mãe colocar uma escola na justiça por violência psicológica já acaba com a reputação da escola. Rapidinho ela pede penico e junta todas as sujeirinhas dos pombos [ê Marcelo]!

Vou divulgar teu texto! Eu devo! hahaha

beijim

Daniella Vicentini disse...

Peraí que vou no site da Tam ver se tem alguma promoção de passagem pra Salvador, pois faço questão de pessoalmente arrancar as unhas dessa "professora", uma por uma, com um alicate...

Sâmia
se uma violência psicológica num adulto já é complicada, imagine numa criança. O principal é você deixar claro pra Lili que você acredita e confia nela, e mostrar claramente que está do lado dela. Isso não resolve a situação, mas vai amenizar o sentimento de "abandono" que ela pode estar sentindo (pois aprendemos de cedo que os professores são confiáveis, legais e que estão ali para nos ajudar), a vergonha (pois ela estará se sentindo mais segura), e principalmente ela vai saber que pode confiar e te falar a verdade sempre.
Talvez as conversas com a diretora não sejam uma boa solução, pois ela pode estar se sentindo diferente das outras crianças mais ainda, ou então sentindo que o que ela faz tem uma gravidade maior, afinal, ela vai conversar com a DIRETORA!
Converse com outras mães, tente um acordo na escola...e se não houver uma mudança significativa a curto prazo, mude de escola. Te garanto que o prejuízo será menor...

Ah, e não joga milho na casa dela não. Corre o risco dela comer e você acabar alimentando a megera! hahaha

bjos e espero que tudo fique bem!

Nena disse...

Ainda bem que tem gente sensata no mundo te dando conselho, Saminha! hahahahahaha

Manda essa doida se tratar e tira tua filha de perto! kkkkkkkkkkkkk

BiA disse...

É EDUCADORES, 2º CASA...

Dani tu tira as unhas dela com um alicate e eu aparafuso com uma parafusadeira dos anos 50.

Samia isso de assutar eles com a justica eu adoro, e processei uma empresa agora tudo eu já digo vou processar, eles balancam as canelas...hsuhauhsahs mas uma coisa é certa a felicidade da tua filha vale mais que escola perto besta....aff
Ainda mais lili que é um docinho de menina....linda linda.

Ps num esquece de colocar boinhas nela vai que ela cansa na natacao noturna ai pode descansar...hihihi...tadinha, q maldade.

Adoro vcs e torco pra td dar certo.

Bjao

Sâmia Siso disse...

Vê-los aqui me felicita, mas pelo motivo do texto, me entristece. Queria que fosse comigo e jamais com minha filha. Vou descobrindo aos poucos que não é só a professora que age de forma brutal. Conto depois aqui, quando tiver juntado argumentos e mais provas...

Gente... o quanto podemos marcar alguém!!! O quanto nós somos crianças que não sabem lidar com crianças na idade!!! Como o ser humano pode ser tão vil quanto aos setimentos alheios! Como destruimos tantas coisas caras! Dói ainda mais porque eu amo os filhos alheios, os respeito, os trato com carinho como se fossem meus! Amo criança de alma aberta e as respeito todas. Não há uma que não goste de mim... Queria o mundo fosse assim - e dói justamente porque não é!

Pergunto-me: será que deveria criar uma egoísta? Será que eu deveria dizer a Lili: "farinha pouca? Seu pirão primeiro!"? Não... sei que ela está sendo sacrificada porque se recusa a seguir as meninas que rebolam na quadra, porque se recusa a desrespeitar os outros, porque levanta o colega que cai ao invés de sorrir, se recusa a apelidar e rir quando o fazem... é por isso.
Rui Barbosa disse:

"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."

Este baiano me inspira neste instante. Apesar de não ter desistido e não desistir JAMAIS de minha ética, choro porque criei o bem em minha filha para isso ser um alvo dos que são pequenos demais para entender, copiar ou aplaudir.

Repugnante ver injustiça. Mas ensina a gritar!

Obrigada a todos que escreveram e os que virão a escrever!

Marcelo disse...

Saminha, agora falando um pouco mais sério.

A coisa é bem sutil (como voce mesma disse), então o melhor a fazer é tirar Lili da escola.

Uma coisa me tem a mente: dependendo de sua atuação este fato desagradável vai fazer bem a Lili. Observe os ensinamentos ocultos que há por trás de tudo isto e aproveite ao máximo.

Precisando de qualquer coisa, já sabe onde procurar.

Beijao.

Nena disse...

GENTE!!!

ESTOU AFIM DE FAZER UMA CAMPANHA PRA ARRANJAR DINHEIRO PRA PAGAR A NOVA ESCOLA DE LILI!!!!

se meu seguro saísse logo... hehehe

Vania Mugnato de Vasconcelos disse...

Minha linda, li teu texto, li os comentários... o que mais passa perto do que acho o certo, é a divulgação (mídia amaaaa isso: "escola tradicional de Salvador blá blá blá...").

Outra alternativa é ir conversar na secretaria de educação, e lá expor a situação, pedindo algum tipo de verificação das condições psicológicas da professora. Isso deve dar certo também.

Tirar da escola, seria aparentemente o melhor. Mas além de tudo o que disse sobre as despesas, o que ensinaria a Lili? Que quando somos bons nos tornamos fracos, que devemos fugir quando a pressão aumenta, que a professor tem razão, afinal ela continua lá...

Sou mãe e sei que sofremos junto com os filhos. Mas eles estão aqui para vencer as dificuldades, e não fugir delas...

Tenho certeza que achará uma saída, que não seja jogar milho na frente da casa da mulher, kkk....

Beijos, boa sorte!

carla simões disse...

fico triste com essa situação pois minha filha passou por isso.Sei como se sente é constrangedor,muito triste também.principalmente que a gente entrega nossos filhos achando que eles vão ser respeitados mas é apenas engano.