quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

DESCULPAS PRA GOSTAR


Nosso amor é tão condicional que ainda arrumamos motivos para gostar. Gosto de "A" ou "B" porque estes alguéns fazem algo por mim. Ou me fazem sentir melhor, amado, atendido em algumas necessidades. Ainda é assim, infelizmente.

Vamos caminhando e formando seletivamente um quadro especial de amores, que são amados porque têm este ou aquele jeito de me fazer feliz. O império do "eu" demonstrando sua força com grande potência...

Quando não é assim fazemos determinadas exigências ao ser que amamos e quando ele não consegue corresponder, então não nos ama mais. Que esforço fazemos para entender que cada um ama e demonstra amor como sabe, quer e pode? Fazemos jogos secretos, onde jogamos com o outro, mas este outro nem sabe que está jogando; mesmo assim o acusamos de desleixado, de não brincar direito. Por que ainda fazemos isso?

Teste de proteção contra abandono. Faço o seguinte: não quero ser desprezado, não suporto saber que não agradei ou que não serei correspondido em meu amor; então, estabeleço metas para que o ser que eu amo atinja, se ele não atingir, então não me ama! É deprimente e é real.

Eu não me amo a tal ponto que necessito ter alguém para me amar, preencher um vazio que só eu sou capaz de preencher. O outro me ama na outra metade em que eu não consigo me amar [pensamos]. Se eu me amasse mesmo, por que raios cobraria amor mais do que podem me dar? Eu quero arrancar do outro a segurança que não tenho em mim, segurança esta suficiente para esperar, entender e aceitar o que o outro tem e quer me dar. Desta forma, qualquer gota de amor que me dessem seria lucro! Quando sanaremos este déficit?

Liberdade para quem eu amo ser da maneira que é [ainda que esteja errado]? Não! Senão me sinto só ou tenho que suportar a minha verdade atual... se eu libertar [eu acho que liberto, mais uma ilusão, porque ninguém prende ninguém] corro o risco de ver quem eu amo tal qual ele é e me ver tal qual eu sou em relação ao Amor. Ao final dizemos para nós mesmos: "ah é? Não fez o que eu precisava para me sentir amado, então tchau!".

Quem ama, ama simplesmente. Quem ama entende que o outro é do jeito que quer; ama-se o mau homem, ama-se a quem nos odeia, ama-se o nosso inimigo, ama-se a quem não nos compartilha os ideais, pois amor é o que damos a tudo por termos em infinito. Djavan disse: "por ser exato o amor não cabe em si", mas nós temos um coração com buracos, queremos que alguém tape, para depois doar incondicionalmente, mas o que fazemos? Amamos com condições e se estas não são aceitas, então preferimos um coração furado, ferido e orgulhoso. Ou a gente aprende a se amar ou então não amaremos ninguém, só realizaremos simbiose.