Sabe quando uma coisa sempre esteve ali e você não tinha olhos de ver? Às vezes com o amor é assim também. Às vezes é preciso, antes de tudo, lapidar o coração, o olhar, a vontade; preciso educar os desejos e rever as prioridades. Felicidade nem sempre é aquilo que você imaginou que lhe faria feliz, mas exatamente o contrário, ou melhor, o que você nem cogitou te fazer feliz. E quem disse que a felicidade não pode ser uma rasteira que te derruba e te coloca cara a cara com uma boa surpresa?
É preciso, também, permitir-se mudar, voltar atrás, limpar os olhos, e dizer: “eu errei”. Alguns caminhos só são bem feitos se forem assim, desta maneira. De uma maneira que parece bem torta, entretanto, precisava ser assim de um jeito troncho, que parecia errado e que ajudou a fermentar uma outra possibilidade. É preciso ter coragem para retirar o véu dos olhos.
A vida não é um caminho reto, porque não somos seres retos e constantes. Só assim ela seria uma planície infinita. Mas a gente ainda se sente tentado a teimar com as intuições, se sente convidado pelo perfume da facilidade e é por estas e por outras que a determinados truques nos tornamos presas fáceis: só “bobos” caem em armadilhas de “bobos”. Tanta distração nos faz querer a paixão avassaladora e chamá-la de “amor de nossa vida”; nos garante que tal profissão é a garantia daquele carrão e daquela “casona” e que tudo isso é a meta de nossa vida; nos evidencia que aqueles mililitros de silicone nos seios nos fará ser mais amada, enquanto que eles só vão atrair alguns lobos desmamados e nenhuma gota a mais de amor. Aí sim, por crer nestas baboseiras, é que a vida começa a ficar sinuosa, cheia de vales e tediosa.
Preciso é traçar um mapa para o olhar e começar a colocar como bússola da alma certas coisas que não morrem nunca. Coisas simples, reais e que estão logo ali na frente, debaixo do nosso nariz. Ousemos na arte de manter a atenção voltada para a essência e a vida será surpreendentemente simples, verdadeiramente bela!