terça-feira, 7 de abril de 2009

SAUDADE, POXA!

Saudade é ponte! É um pedaço do outro dentro da gente! Pedaço incrustado num coração, pedaço embutido noutra alma: parte fica aqui, parte vai com o outro... saudade dói por isso. E a gente só pode sentir o pedaço da ponte que se alicerça em nós. O diacho é a distância! Saudade se faz quando há distância, mesmo de almas, não precisa ser física; basta que o olhar se perca e que não se encontre porta pra conversa que aí tudo vira a ponte da saudade... mas deste jeito é meio torto porque um sente falta e o outro... vai embora!

E saudade da infância? É doce e cortante, faz rir e faz chorar... nesta não se pode nem tocar! A gente só toca nesta saudade quando a criança que há em nós não morre, mas andam matando tantas crianças... o mundo anda sem saber como sonhar! Parece que virou pecado ter fé! Coisa estranha que todo mundo ultimamente tem se esquecido que já sorriu e anda falando de dor pra todo canto! Eu prefiro então a dor da saudade de infância, pois ela me lembra que já fui só riso!

Tem hora que a gente se sente um poço de saudade: do ontem, da praia, da cidade que nasceu, da amiga que foi pra Portugal, do amigo de Minas, da amiga do Ceará, do pai e do irmão, da filha ainda bebê [essa saudade não me perdoa, ela se vinga com todo gosto usando o tempo - que passa...], da tia que foi pro mundo dos sentimentos, das amigas de infância, do que eu era, das bonecas, da inocência... "saudade mata a gente, menina!". Mas saudade é conquista, saudade é posse de lembranças; aquilo registrado no cartório da alma que diz que você é dono de um pedaço parado da vida que mexe com outro alguém também! Cutuca o coração e faz doer, mas impulsiona o pé e faz a gente ir buscar, porque saudade [se você olhar bem] é um vício humano de querer de novo. E quando queremos de novo, vamos caminhando os pés para buscar mais chão e encontramos outra coisa, parecida com o objeto de saudade [o primeiro], mas não era bem aquilo, mas aquilo [o segundo] já nos deixa com saudade e vamos indo mais a frente... um ciclo, não?

Alma não atravessada pela ponte da saudade é alma morta! Sem lembranças, não somos: seremos somente. Mas dos projetos que nada constróem faz-se pilhas de papel que se perdem no tempo. Pessoas que não sentem saudade são um lapso de tempo, um hiato da vida, um travessão, um hífen... não escreveram história, não assinaram lista de presença da vida e vão embora para lugar nenhum, pois ninguém dá conta delas.

Eu sinto saudade. Eu tô com saudade, mas não estou triste. Tô feliz por ter ponte pelo mundo em que a outra ponta tá em um monte de gente bacana, a quem chamo de tudo, sobretudo de amigos!

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