sexta-feira, 13 de julho de 2012

STATUS: DISPONÍVEL.


Sempre me questionei sobre algumas ações minhas. Na verdade, a questão é como executo determinados papéis que possuo – por encargo ou escolha – nesta vida. Eu erro, tu erras, ele erra e erramos todos. Mas como é complicado lidar com o erro! Quase sempre nos fazemos aquela pergunta quando dá uma merda qualquer: “onde foi que eu errei?”. Daí, ao descobrirmos onde erramos, partimos algumas vezes para a punição.
Na atitude de auto-punição nós não modificamos nada ao nosso redor, tampouco em nosso interior. Onde está a reabilitação? Será que o culpado se permite reabilitar? Será que o culpado se permite rever os próprios passos na intenção de fazer diferente do momento da constatação do erro em diante? Eu creio que não. Mas o responsável sim. O responsável revê seu caminho, identifica o erro e se propõe a modificar o que desacertou. Aqui entra o ponto “vítima” da minha reflexão de agora: a disponibilidade.
Não... não estou falando do status do bate-papo. Estou falando de disposição íntima para realizar determinada coisa. Disposição é tudo! Estar disponível é permitir que as ferramentas pessoais entrem em ação. Estar disponível é permitir que a constatação do erro sirva para modificação da realidade, pois podemos ser virtuosos, trazer características positivas, ter bom coração, mas sem boa vontade, ou seja, disponibilidade ao acerto, não teremos direcionamento consciente de nossas ações.
Acostumamo-nos a pensar que a vida é o arranjo que parte sempre em direção ao equilíbrio. Correto. Entretanto, a nossa inteligência deve ser testada e ampliada para compreender que podemos interferir no processo de reequilíbrio estabelecendo o domínio das nossas atitudes – sobretudo o domínio emocional. Eu falo de reequilíbrio, porque faz parte do processo de aprendizado o “arrumar-desarrumar-arrumar”. Erramos todos porque é fato que agiremos pela ignorância e o desconhecimento nos faz desbravar novas terras, que uma vez desbravadas, agregam em nós o conhecimento, que por sua vez nos faz firmar atitudes novas e que nos impulsiona para o desconhecido e assim sucessivamente. Não errar é não viver. Errar não é problema, problema maior é quando não nos disponibilizamos ao acerto.
O automatismo rege a ignorância; no momento que nos tornamos conhecedores a única coisa que nos impede de acertar é a disposição íntima para a real modificação interna e externa. A vida vai se equilibrar depois do desacerto? Sim, mas não é melhor que participemos disso para que ela não faça isso cegamente? Vamos a um exemplo concreto? Transporte de substâncias através da membrana de uma célula animal. Naturalmente elas podem ser transportadas obedecendo o gradiente de concentração e, portanto, sem gasto de energia. Mas há o caso do transporte ativo, que é feito contra o gradiente de concentração e com gasto de energia. Estar disposto é isso: é gastar energia, movimentar a inteligência, emocional também, para gerenciar a direção da própria vida.
E estar disposto não é bradar com todo pulmão “eis-me aqui”, é dizer que está disponível para agir e não somente sofrer a ação automática da vida, que promove o equilíbrio novamente. Refletir acerca do ponto onde errou, esforçar-se para perceber como deveria ter agido, identificar as possibilidades de conserto e dizer “estou disposto a fazer tudo para ser melhor”.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

RÁPIDO

O amor, meus caros, despenteia! Amassa roupas, suja os dentes, arranca os brincos, quebra os saltos, tira o batom. O amor vendavalva todas as coisas vãs. Depois do amor só resta o certo, o básico, o mínimo necessário, um cômodo com uma porta e uma janela e um buraquinho pra respirar. Tudo o mais vem abaixo. Toda lei - por mais física - fica esquecida, a gravidade é abolida, a distância é relativa, o tempo cuida de correr louco. Einstein começa a falar de amor e a saudade é uma constante inversamente proporcional à vontade de estar dentro – porque perto é pouco.