terça-feira, 7 de abril de 2009

Suicídio.

Quando não há mais volta. Costumamos ouvir em dito popular: "só não tem jeito pra morte!". Essa constatação deve ser muito mais sofrida para o suicida, que despertando parcialmente da perturbação após o aniquilamento do próprio corpo, dá-se conta que não aniquilou a "si mesmo". A dor de ter dado o golpe que interrompeu um caminho de vida... a ilusão física da dor... a saudade... o remorso... Hoje eu falei com um menino que atirou-se. Suicidou-se! A frase que ele falou foi: "minha mãe, ela está desesperada!"... Dei-me conta de que ele, entre as próprias dores, agora chorava por quem lhe deu o corpo. Eu queria pegá-lo no colo, mas não pude, eu não podia mais do que dizer-lhe "sua mãe, antes de tudo, te ama". Meu Deus! Como a dor dele me atingiu o coração! Ele, entretanto, terá que escalar o caminho de volta...

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Não se pode mais voltar à "vida"! A flecha não volta, a palavra dita não emudece, toda ação feita repercute até que a força usada para tal fim seja gasta! Eu não vou matar em mim o que me sustenta! O suicídio é cometido quando matamos sonhos... quando enchemos a palavra de veneno e damos ao outro, quando espalhamos ante o nosso próximo um caminho de vilanias, quando usamos da calúnia, do ódio, da aspereza! E por que suicídio? Ora, não seria homicídio? Não... aí é que está: toda vez que gastamos nossos recursos em más ações é contra nós que atentamos! Ao atingir o outro nos tornamos instrumentos de escândalo, mas ai de nós!


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A preta velha me disse: "sofrimento, minha fia, é questão do que se crê. Sofrimento é também trabalho, trabalho de regeneração da alma que sofre..." Enquanto eu falava com o irmão que chegava pedindo a cachaça pra matar a sede e depois ele viu que a sede sentida era do espírito! Ele, brando, me pareceu mais enganado na própria visão - como tantos outros que sofrem! - que revoltado na dor... Hoje eu vou dormir agradecendo a Deus pela oportunidade de amar aos que ainda estão sofrendo, mais grata ainda porque estes não escolheram fazer sofrer e ainda um pouco mais por ver que minhas dores, perto destas, nada são. Que calúnias não ferem a quem não chora por si!

Abraços fraternos!

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