terça-feira, 7 de abril de 2009

PRESENTE DE DEUS

Eu estava na cozinha almoçando e minha filha vasculhando um quarto cheio de tranqueiras, caixas e mais caixas de papel, cadernos, enfim... aquilo que já encheu o quarto de dormir e transpassou para o quarto da tranqueira.

Daqui a pouco ela veio e falou: "mamãe, você lembra disto que escrevi para você?", não, eu não lembrava. Vocês não têm noção da quantidade de poesias, músicas, composições que Lili produz para mim! Sem contar com as colagens dos recortes de livros antigos e revistas em que eu sou a personagem principal. Na parede da cozinha tem colada uma folha com animais onde cada um é uma pessoa da família, neste ela me colocou como uma vaca sonolenta. Estranha homenagem, estranha visão de uma mãe, o que será que ando fazendo para essa menina me ver assim? Eu só sei que Lili é a criatura mais inventiva que conheço, de tudo ela transforma em arte, tudo, para ela é uma música, uma poesia, uma piada! Ela tem um talento para trocadilhos [e trocadilhos conscientes!] que é de abismar. Ela aprendeu a dizer coisas com a ironia sutil de quem não quer levar bronca e faz isso sem que ninguém perceba, só eu que sou a mãe e uma mãe pisciana como ela. Aliás, está aí a explicação para ela ser extremamente sensível a ponto de perceber sentimentos ocultos em tudo.

Pois bem... eu não lembrava que Lili tinha escrito naquele pedaço de papel uma poesia para mim. Eis o que ela escreveu em 30/02/08:

"O parto

Foi você que me pariu
Minha super-heroína
Você descobriu seu poder mágico
O de ser mãe
Você é minha vida
Sempre serei sua filha
E você minha mãe"

Aos olhos dos outros isso parece um monte de palavrinha junta na tentativa de rimar e fazer uma mãe chorar. Com certeza eu chorei, isso não duvidem; mas Lili falou em duas estrofes a síntese de minha existência: "você descobriu o seu poder mágico, o de ser mãe". Ela talvez saiba que essa magia de ser mãe me fez ser uma pessoa infinitamente mais generosa, coisa que eu não teria sido se jamais soubesse o que é amar com o infinito como medida!

Eu gostaria de saber poetizar o que sinto por você, minha filha, minha pequena estrela, meu melhor pedaço, dona de meu suspiro mais inefável, no meu medo mais forte - o que de que você não seja feliz -, criatura criadora de mim! Te amo, mas é daquela forma que se alastra sem devastar, daquela forma que os egoístas não entendem - e que eu não entendia antes de você -, te amo e se em mim você de novo coubesse, aqui eu te traria para que jamais você fosse onde eu não estivesse; você vai e você cresce, mas saiba que eu nunca mais deixarei de sentir o sabor de ter me tornado o que me torno a cada dia: SUA MÃE. Simplesmente a mamãe de Lili!


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