segunda-feira, 27 de setembro de 2010

JOÃO E MARIA - DAS CARTAS DE SETEMBRO.

Hoje encontrei-me algo assim: perdida em ti. Sentei-me ao teu lado, ouvi o silêncio das árvores, o batuque das vozes, o assovio dos deuses - era ali o recanto que nos escolheu. Falei de planos, falei que eles servem, mas não para tudo. Coisas existem que despejam em nossos planos uma pitada de "e agora?" e quando vemos já estamos improvisando uma nova felicidade. Mas tudo isso, meu amor, é escolha. Diante da vida - eu disse e você sabe - não se encolha!

Nem te peço para encarar o sol de frente; sem rayban não dá! Vezes há que é bom andar olhando o chão. Noutro dia, achei 40 reais e comprei sorvete [você adora]. Mas não é sempre que se acha grana no chão, tem dia que é só grama, tem dia que é só rastro, tem dia que é só passo e outro que é só pão - os que Joãozinho jogou e os desgraçados-passarinhos-esfomeados comeram. Eu não disse? João tinha planos, mas foram destruídos por bicos famintos e delgados. Não os queira mal, como eu. Aliás... e pensando bem, eu não odeio mais os pássaros. Eles inventaram um novo destino aos meninos e acredite que a vida fará o mesmo com você.

Erram sempre o nosso nome e isso é muito engraçado, porque por mais expliquemos, ninguém se acostuma tão fácil com o diferente. Porque não quer ou porque não pode, há gente que fecha os ouvidos e escolhe não ouvir. Não faz isso, tá? Ouça! Abra os olhos e ouça a vida! Ela fala com as cores, com os mil e um amores e todos eles mais eu - que nunca vou me calar. Meu passo é grito e com minha voz de metro eu alcanço o que quiser e contigo eu aprendo a querer. Há pessoas de todo tipo, mas nenhuma delas é você. Seu destino pode ter mil passarinhos, mas não deixe de jogar o pão, porque - como eu prometi - estarei como Maria, sempre ao seu lado segurando sua mão.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O MUNDO É BOLA.


Ventam os destinos em pequenas porções de saudade. Buscam-se e não sabem. Nascentes diversas, corrimãos separados, brinquedos diferentes. Crescem achando que o mundo é uma reta, mas é bola. E sendo bola tudo se junta: destinos, corrimãos, brinquedos. E foi bem assim. Uma platéia, uma cantante, olhos brilharam, o ímã se fez.

O que se sabe, desde então, é que o mundo [sendo bola] deixou que as coisas se juntassem, fingindo que assim faziam a sós; mas não, até o mundo pede para que - futuramente - se haja mais brinquedos, destinos e corrimãos. Amém.


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

CONJUGANDO VOCÊ.

A porta se abriu, se abriu um sorriso, os braços se abriram e o coração.
Os olhos se fecharam, fecharam-se os braços, fechado o passado, o encontro - então.
O medo perdido, perdida a vergonha, perdidamente apaixonada, [das horas] perdi a noção.
Corri da tristeza, correu-se um calor, corri pro teu colo  - achei-me no amor.
Tocados os sinos, toucou-me a alma, tocada de calma, em ti eu toquei.
Senti arrepios, senti um desejo, sentidos e afagos - senti que amei.
Esqueci-me das coisas, esqueci-me em teu corpo, esqueci-me dos rostos antes do teu.
Matei a saudade, matando minha sede, matei-te de beijos, a solidão morreu .
Cantei o teu nome, cantou a aurora, cantado o riso, cantou-se a canção.
A porta fechada, os olhos abertos, os braços tocados, cantado o coração, esquecido o passado. A alma aberta, esquecidos os sinos, perdida em afagos, morta de vergonha, sentido o calor. Corri o teu corpo, perdi minha calma, achei os teus olhos, senti a paixão. Achei o teu colo, matei a tristeza, toquei o teu riso. E agora eu te digo, com todos os verbos, o que eu sinto é eterno e nem pode ser vão.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

SUSPIRAÇÃO.

Há suspiros inconfessáveis. São ventos que levam segredos e desafogam o coração. Há suspiros inaudíveis. São partes de melodias que só tocam a alma de quem sabe. Há suspiros que doem. São pedras que ferem a lembrança de quem ama. Escorregam por lágrimas caladas, entregam o pecador, aquele que sofre de amor, que pena na espera que alimenta a ansiedade. Suspiros sem doce algum.
Uma gota de lembrança suspensa no ar, mandando embora o sossego, deixando vacância no olhar que busca um emprego nalgum lugar - onde está coração? Sei não. Profunda inspiração, três vezes e rápida: lá se vai meu juízo. Expiração certeira: galopa de volta a realidade.
A alma que feita por Deus num momento como o meu, não é de outra coisa senão de suspiros. Sopros são para corações tranqüilos, sem o menor ímpeto. Minha alma foi suspirada e hoje me encontro aqui, viva de interrogações, morta de saudade. Suspiros vêm de almas que são bóias furadas, que deixam escapar o vento da dúvida, que flutuam no oceano do desânimo e do medo. Perdem de si um pouco mais com o vento, mas nada de gastar os tormentos que tentam sair por um fino buraco; é proporcional inversão: quanto mais se suspira, mais se está cheio do que se pôs pra fora.
Vai medo, vai embora! Desgruda de meu pensamento, vai junto com este sopro e leva uma carta pro mundo - este vento de 5 segundos é um vendaval de desejo. Não o quero assim. Prefiro abrir espaço para as brisas em que se transformam os suspiros que de mim fogem quando penso no dono dos meus ais; embalar as velas dos sonhos que partem do cais de saudade a não mais ter este desassossego ébrio. 
Suspiro é o ar que se move em direção marcada e busca com seus braços voláteis apagar o fogo da alma inteira - mas é vão.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

POR VOCÊ

Vi, mas não sabia que por você cantaria em alta voz o hino do Bahia; mas quem adivinharia? Era para ser assim, mas só você sentia. Não quis crer que o óbvio seria o certo, que o inexplicável estaria tão perto. Deve ser assim: luzes fortes cegam, coisas belas emudecem-nos, o simples nos confunde; estas coisas só se sabe com o coração aberto. E o meu enlouquecia...
Côncavo e convexo, opostos que se encaixam e mesmo que um chinês chato nos diga o contrário - fomos feitos um para o outro. Por você eu compro prateleiras, arrumo minhas idéias, meias, livros, sapatos, desculpas. Assereno meus ímpetos, adoço meus instintos, solto meus grilos. É por você que sorrio nas manhãs de chuva e molho fronhas de saudade. Tiro o batom, faço as unhas e depois esqueço tudo isso atrás da porta - I see you e a aparência pouco importa! [Mas por você me arrumo].
Por você eu sinto medo e segurança. Tesouros são presentes, não se deve perdê-los - não mais de uma vez. 
Desde você, faço lista de músicas, de nomes para meninos, acostumo-me com o frio, estudo inglês e acredito que minha casa é o mundo inteiro. Se me jogo, você me segura; se esqueço, você lembra; se espalho, você junta.
Por você e por mim é que tudo se fez assim: eterno.