terça-feira, 7 de abril de 2009

AÇÚCAR!

Esta história que lhes escrevo foi contada no centro espírita que freqüento. É verídica.
Um senhora enviuvou muito cedo e ficou com 6 filhos pra criar sozinha. Era muito pobre e não tinha estudo, de forma que só lhe tinha como opção de emprego fazer algumas faxinas, que ainda assim eram esporádicas. Ela e seus filhos passavam situações de penúria. Mesmo assim esta senhora não se queixava porque ao seu lado moravam um casal pobre de velhinhos:

--Eu não posso me queixar, mesmo nesta situação eu ainda posso trabalhar para conseguir algo para mim e meus filhos. E eles? São velhos, pobres e já não podem mais trabalhar pelo próprio sustento.

Então ela que sempre conseguia já muito pouco para si e para os filhos, dividia o que tinha com o casal de velhinhos. Ela morava perto de um mangue e quando ia catar caranguejo com os filhos, não era incomum acontecer de um de seus filhos dizer:

--Mãe, vamos pra casa. O que catamos já dá pra gente comer.

E a senhora viúva:

--Vamos catar mais alguns para os nossos vizinhos velhinhos.

E se punham todos a juntar mais alguns caraguejos que não ficam passeando por cima da terra lodosa. Para consegui-los é preciso cavar o chão, enfiar a mão na lama bem fundo e correr o risco de levar um belo beliscão de caraguejo antes de pegar o bichinho. Ainda assim, ficavam mais...

Um dia, a velha vizinha lhe bateu à porta solicitando um pouco de açúcar. Ela explicara que o seu esposo necessitava ingerir açúcar de forma contínua, uma vez que sofria às vezes de hipoglicemia - baixo nível de glicose no sangue -, entretanto naquele dia lhe faltava açúcar. Com medo dele ter uma crise recorria à vizinha para conseguir algum. Ela adentrou na casa e descobriu que o único açúcar que possuía era do açucareiro e só daria para adoçar o café preto de seus filhos até a tarde seguinte. Pensou duas vezes e cedeu tudo o que lhe restava.

No dia seguinte a jovem viúva conseguiu, como por milagre, uma faxina para fazer e com o dinheiro que recebeu comprou apenas pão para si e seus filhos. Foi para o que deu. No meio do caminho, voltando para casa, ela se lembrou que não tinha um pingo de açúcar. Ela precisava ter comprado açúcar porque os filhos iriam tomar café puro com pão. Já era tão amarga a vida e seu coração doeu muito ao lembrar que seus filhos teriam que provar naquele dia o amargor do café e o seco do pão para matar a fome. Mas já não havia jeito, ela serviria assim mesmo a comida. Chegou em casa e se pôs a preparar o café.

Enquanto fervia a água e coava o café, ela foi pensando:

"Meu Deus... como é triste dar café amargo a meus filhos, minha Nossa Senhora, me ajude, adoça a boca de meus filhos para que eles não sintam tanto o amargo do café. Já não temos leite, o pão é seco e agora eu ofereço a eles o café sem açúcar. Me ajuda minha Nossa Senhora!"

Ela se agarrava ao que podia para evitar o sofrimento a mais para os filhos, mas sabia que iria ouvir a lamentação das crianças ao tomar o café. Por isso ela serviu para cada um o que lhe cabia e saiu dali se trancando no banheiro; não queria ouvir o choro dos filhos. O coração já lhe apertava no peito pela vida tão sofrida que tinham. Trancou-se no banheiro e só saiu dali mais tarde quando pode conversar com uma das crianças:

--Ô meu filho... como estava o café? Vocês comeram tudo?

--Comemos sim, minha mãe. A gente só pensou em te pedir que da próxima vez que fizer café: PONHA MENOS AÇÚCAR! ESTAVA DOCE DEMAIS!

A fé adoça a vida!

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