"Mas você precisa aprender a dirigir". Mas eu não quero. "Mas o mundo hoje exige que as pessoas saibam dirigir; todo o mundo tem carteira de motorista". E eu não sou todo o mundo e não quero dirigir. Não quero ter carro.
O automóvel potencializa a velocidade e a mobilidade de minhas pernas, mas turva meus olhos. Não posso lidar com a distância que venço estando de carro. Em cada passo, vejo o caminho. As rodas vencem por mim os quilômetros, mas os metros que ando a pé são meus.
Orgulho vão? Não, é só vontade minha. Não quero ter carro e entupir mais o mundo de "capitanias solitárias" e quase nunca hereditárias, porque o automóvel se acaba logo e tem sede de outro e outro e outro ainda melhor; não dá pra deixar mais pro filho.
Não quero pagar imposto por ocupar espaço.
Também não digo que os automóveis devam ser todos queimados - nem ambulâncias, nem ônibus, nem nada coletivo. Só quero ver se vai sobrar espaço se todo mundo neste mundo resolver mesmo dirigir um carro.
Pois bem! Está decidido - não quero carro. Quero tato - pés descalços, devagar, sem status. Sem cobrança de pedágio - que deveria se chamar "carrágio".
As pessoas estão com pressa, mas não sabem para onde vão; e sem saber do que precisam, me dizem: "você precisa dirigir". Lá ele! Eu não - dirijo-me a pé.