terça-feira, 7 de abril de 2009

*EU DANÇO*

E ela dança. Balança o corpo magnificamente como se cada nota que lhe alcança lhe desse contorno ao ser. Decalcada pelas notas, ela forma uma figura bonita contra luz, de encontro ao ar...

A música lhe toca e ela sorri, mas nada lhe impede de dançar. Pés que tocam o chão traçando com o úmido suor riscos na madeira; ela afasta do meio da sala todas as cadeiras e faz do espaço o seu papel onde traça sozinha a dança de sua alegria. Um corpo que coreografa solto um gostoso bailado de felicidade. Quem a poderia parar? Nem se a música estancasse no ar, pois a melodia já lhe tinha impregnado na mente que ela nasceu pra dançar.

Liberdade. Livre ela pode compor com as mãos, [que perfuram os espaços vazios com movimentos tão delicados] o tracejado sutil e envolvente chamando os olhos alheios para dançar entre o mover de seu corpo e o saculejar das mãos. Criança que entende sua imediata necessidade de ser ali a bailarina de seus sonhos: perfeita. Nada a mais se lhe ajeita a não ser o ar, a música e de vez em quando o chão. Para que caminhar? Ela voava e bailava e sorria e se entregava precisa, exata sem ter vontade de proteger a si mesma de nada.

Dançava sem medo. Encanto de quem nada precisa provar, ali ela bebia o que lhe satisfazia e se dava completa - corpo e alma - à dança. Bela criança, já sabe dançar! Ofega, respira, transpira, sorri. Deitada no chão ela cansou. Agora os outros olhos é que dançam ao lhe olhar.

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