terça-feira, 7 de abril de 2009

AFOGADO

Um tempo sem escrever e hoje me deu vontade de contar uma história, inventar uma coisa e colocar aqui. Não é sem sentido, mas adveio de um sonho e como um sonho pode ter caráter profético [ou não]. Pode ser que eu esteja inventando e disso ninguém mais saberá, a não ser eu [que acabo me esquecendo também de forma que, se isso ocorrer, tudo vai virar verdade...].

Alguém na praia. Alguém nada e é arrastado pelas correntes. Alguém começa a se afogar, mas não está sozinho no mar; está sozinho como entidade, como indivíduo, mas completa uma multidão. Esse alguém é visto da praia por outros tantos, mas poucos se arriscam a ir até lá no mar tentar salvar-lhe a vida. Mas ele não pede ajuda por muito tempo e logo uma alma se lança contra as ondas bravias e arriscando a própria vida, nada em direção daquele que está para se entregar às ondas.

Demora, mas chega. O afogado sem forças também se tenta salvar e agarra em seu salvador com tanta ânsia que, sem perceber o intenta afogar também. Agora são dois que lutam, mas não lutam contra dois: contra si, contra o mar, contra o outro, contra o mar, contra a entrega, contra a busca... a luta se estende até que o que veio salvar resolve num golpe tirar a consciência do que primeiro se afogava para que seu ato desesperado de se agarrar em alguém o mate também! Pronto: inconsciente ele agora se entregou nos braços do que veio lhe resgatar dos braços da morte.

Para ser salvo de um afogamento, não agarre com muita ânsia em quem veio lhe resgatar. Se entregue que o outro sabe o que faz. Ele vai te abraçar calmamente e te trará à praia. Até que você o possa olhar nos olhos para agradecer, você estará de costas, sendo trazido sem mirar o rosto de seu salvador. Não lhe agarre no pescoço, pois você o afoga também: morrem os dois. Saiba ser salvo, porque senão você morre só.

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