terça-feira, 7 de abril de 2009

Bahia... quem diria?!

Eu sou espírita. Acredito na reencarnação, portanto. Estive pensando nestes dias, baianamente, sobre uma declaração a respeito do QI dos baianos. É óbvio que os brasileiros [como bons brasileiros] fizeram piada deste ocorrido; entretanto eu, como baiana, fiquei pensando - contrariando, inclusive, o determinismo da falta de QI para tal - sobre a observação apurada do senhor nobre [provavelmente não-baiano] acerca de nossa falta de inteligência. [Eu sei que eu ainda não disse o que, de fato, pensei, mas é que estou gastando meu português para passar minha raiva e mostrar que não sou burra "zorra" nenhuma!] Como reencarnacionista, creio ter vivido em muitos outros lugares do orbe antes de ser agraciada com o título de baiana; creio também que o espírito imortal nada perde de sua bagagem intelecto-moral em suas sucessivas reencarnações e que cada uma delas lhe serve como oportunidade de aprendizado. Então eu juntei toda esta minha crença e a declaração deste senhor e cheguei à conclusão que este homem de estudo não olhou o tabuleiro da baiana para ver o que é que tinha!

Eu prefiro me expressar assim, há coisas que eu gostaria de falar sobre a "vasta visão" deste homem, mas decidi calar. Ele chegou à apurada conclusão de que Medicina e QI baiano são imiscíveis; isso ele concluiu num relance e esta explicação científica ele deu para justificar porque os baianinhos médicos saíram-se mal na prova do ENADE. Como ir de encontro à tamanha acuidade intelectual? Como desfazer as verdades perpetradas sobre o QI baiano? Será que é por isso que Jorge Amado virou escritor? Será que Elsimar Coutinho é um ET formado de gametas sulistas? E como João Gilberto não sabia tocar berimbau, foi inventar a Bossa Nova usando violão, levou consigo Caetano Veloso e Gilberto Gil pra garantir qualquer falta no QI e eles - de lambuja - pariram a Tropicália. Ah! Tem João Ubaldo Ribeiro que escreveu junto com Cacá Diegues o roteiro de um filme baseado em seu conto "O santo que não acreditava em Deus", cujo título para o cinema foi "Deus é brasileiro" [abre colchetes: vejam vocês que Deus é brasileiro e sua história tem dedo baiano, fazer o que???]. Tá bem... devido à minha falta de QI [seria falta de memória, mas infelizmente a falta de QI me fez escrever errado também!] eu vou deixar uma lista de nobres baianos Et's que, contrariando o gradiente de concentração de inteligência do caldeirão contumaz de cultura, criaram qualquer bobagem que os fez aparecer além do carnaval. Alguns vieram antes desta manifestação popular, então diminuam-lhes os esforços como fez este "nobre senhor" que declarou qualquer coisa - que não me recordo bem - sobre o QI baiano. Lá vai:

Escritores

Gregório de Matos; Castro Alves; Camillo de Jesus Lima; Afrânio Peixoto.

Juristas / políticos

Rui Barbosa; Cezar Zama; Hermes Lima; Nestor Duarte; Carneiro Ribeiro

Músicos / artistas

Dorival Caymmi; Xisto Bahia; Gláuber Rocha; Raul Seixas; Waldick Soriano; Pitty; Tom Zé; Gal Costa; Maria Bethânia

Cientistas / pesquisadores

Teodoro Sampaio; Nina Rodrigues; Pedro Calmon; Ana Nery; Anísio Teixeira; Barão de Macaúbas.

Religiosos / ativistas

Divaldo Franco; Luiz Gama; Mãe Menininha do Gantois; Irmã Dulce; Joana Angélica; Maria Quitéria; Aristides Spínola.

Esta lista formada de um preguiçoso "ctrl+c; ctrl+v" [será que é baiana esta invenção?] não cala declarações tão profundas quanto esta deste tal senhor aí - o nobre do texto inteiro - porque preconceito, infelizmente não nasce no aparelho fonador [embora o ser humano não possua nenhum destinado exclusivamente à produção do som].

Eu, cá com meus botões de coco, fiquei pensando... será que reencarnar na Bahia é prova ou expiação? Ou será, meu Deus, que é só pra deitar na rede e ouvir piadas como esta do QI e depois lembrar que do nosso tabuleiro saiu tanta gente boa? Sei lá, viu? Ô preguiça!

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