quarta-feira, 7 de julho de 2010

BRIGADEIRO






Qualquer momento é uma desculpa para comer brigadeiro. Está em festa? Ele! Terminou um namoro? Ele! Curinga das línguas felizes e tristes, este doce feito com a simplicidade culinária, merece o nosso total respeito. Afinal, a quem não toma remédio para dormir e não pode comprar petit gateau para amainar a fome de doce e calma, o brigadeiro é a salvação!


Ingredientes:
.Um bocado de tristeza, tédio, frio ou alegria, amigos;


.Chocolate em pó ou raspas de uma barra de chocolate meio-amargo que sobrou daquela cobertura de bolo;


.Lágrima e riso;


.Leite condensado. O quanto quiser e o mesmo para o chocolate. Depende do tamanho do buraco que queira tapar. Se for no estômago, não exagere. Se for no coração: overdose nunca é demais. Parece-me que na alegria a gente não se excede nestas coisas; a alegria já é tão doce que nos tira o apetite;


.Manteiga; tem gente que coloca. Um colherzinha está bom, só para dizer que pôs [vai que sirva mesmo para alguma coisa na receita].


Modo de fazer:
Pegue uma panela de teflon para que a menor quantidade da substância fique grudada no recipiente. Retire a culpa da mente. Ponha o leite condensado [de acordo com aquela quantidade referencial de desespero ou festejo], depois misture o chocolate e a manteiga. Leve ao fogo brando e mexa. Mas se você não mexer a toda hora e formar aquelas bolotas meio queimadas, a meu ver, ele fica perfeito. Faz parte do apreciar brigadeiresco, sentir aquelas bolinhas grudarem nos dentes e enquanto a conversa com os amigos flui, você vai tentando dissolver ou tirá-las com a ponta da língua.


Quando sentir que já se formou aquela pasta homogênea, ou pseudo-homogênea, desligue o fogo. Pegue uma travessa, um prato grande, uma coisa que sirva para espalhar a pasta salvadora e retire-a da panela com o auxílio da colher que usou para mexê-la. Quando retirar tudo, lamba a colher. Quando a panela esfriar, passe o dedo no que sobrar [não sem antes disputar com quem lhe ajudou ou só ficou olhando e esperando para comer].


Ponha na geladeira a travessa com o brigadeiro e espere esfriar. Se não tiver paciência, coloque-a no congelador mesmo.


Mostre aos amigos onde eles podem pegar as colheres, pegue a sua, sentem-se à mesa ou no chão, de maneira que o brigadeiro fique no meio, ao alcance de todos; como num ritual tribal em volta de uma fogueira que aquece o frio da alma e ilumina as histórias. Salivem, suspirem e comecem pelas bordas.

[Acessem o blog partilhado por mim, Roberto e Merenda:

2 comentários:

Marcelo disse...

Vamos fugir!
Deste lugar
Baby!
Vamos fugir
Tô cansado de esperar
Que você me carregue...

Cláudia Isabele disse...

Só agora me dei conta do quanto me distanciei das minhas tribos e há quanto tempo nossas tradições são apenas lembranças colegiais... Ai, que nostalgia!

MamiSam, vc é impossível!