domingo, 7 de novembro de 2010

MAIOR QUE EU.

Dorme infante. Suspira um sonho qualquer, asserenado em teu travesseiro minúsculo. Pequenas narinas, olhinhos rasgadinhos de cílios delicados; agora está a brincar com os anjos, porque sorri e respira pelos buraquinhos do nariz e mostra o lugar de futuros dentes. As mãos em forma de bolinhas, fechadas se encontram com um pedaço da fralda, apertada que foi antes que pegasse no sono.
Teu cheiro é o mais caro perfume que suspiro a estourar os pulmões de felicidade, como pode se pensar na tristeza ao ver-lhe assim inocente? Seu nada saber acalma, seu nada poder convence, seu tudo precisar me move. E nem precisa pedir - ainda que soubesse - porque te amarei e servirei ainda que morta de cansada.
O que de mim fez? Eu que antes não pensava no tempo, não pensava em futuros, não lembrava dos outros, não sabia cuidar; depois de seu advento, aprendi a esperar, cuidar, doar e amar. O que fez de mim? Mãe.
O que posso dizer é que hoje, mesmo passados 11 anos, ainda consigo lhe ver um bebê que me fez ostentar um título que orgulho. Ainda hoje, quando dorme, eu admiro seu rostinho já cheio de espinhas. Ainda hoje e para todo o sempre será o único ser que, somente por existir, me ensinou a ser melhor.
E eu te amo - mais do que a todos os amores que um dia supus ou me atreverei a amar.

{Dedicado a minha filha}

3 comentários:

Luiza Guimarães disse...

"Nela vejo desaguar muito de mim mesma e descubro tantas em mim.
A que cai, levanta e ri, que canta e não cansa de sonhar, de prosseguir.

[...]

E mergulho nesse rio, rio da minha infância e seu leito morno me traz.
A ternura o riso a voz e não mais se esquece de onde vem pra onde vai"

No girar de Alice - Cláudia Cunha

Não tem como ouvir esta música e não lembrar de você com Lili ......

Zózimo Trabuco disse...

Julia "ainda não" quase tudo
Julia "já" pouquíssimas coisas
Julia tá chegando no mundo
Tá olhando a grama e o tapete e vendo a diferença

Julia pequena, Julia imensa
Quando ela boceja engole o mundo
O que será que ela pensa?

Não tem cabelo, não tem dentes
só bebês conseguem ser carecas, banguleas... e resplandecentes.

(Julia. Luciano Salvador Bahia)

Marcelo disse...

O sentimento que moveu seus dedos para escrever este texto expressa a Sâmia que eu conheço desde 2007.

Esta "coisa" trazida do fundo do seu ser é a sua marca registrada em suas vibrações.

Deixe isto latente, querida. Mas saiba que você é ainda mais do que isto... Tem muito mais para ser colocado para fora. Mas tudo no seu tempo.

Beijo!