segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

PALAVRA É QUERER ALMA

Eu queria escrever palavras que juntas dissessem o que vai em minha alma, numa inteireza de tal sorte, que eu me fizesse compreendida. Eu queria pronunciar de tão exata forma os segundos, os momentos, as circunstâncias e os instantes que molhasse todos eles de minha intensidade. Eu queria estar nas pessoas de um jeito que suas almas lascassem-se em portas sem chaves para mim. E eu queria bem profundamente amá-las, bem alto, bem forte, bem bonito de maneira tão aguda e ampla que me tornasse um infinito. Eu só queria...
Sem tantas palavras, vou repetindo versos, elaborando falhas, casando as rimas, suprindo as frestas; embora nem chegando perto de ser dicionário, acho que escrevo - destas letras - bons textos. Para quem reclame de ausência da modéstia, eu clamo pela lógica: se com meus quase 30 anos nada de bom tivesse posto no mundo, valeria viver mais 30?
Deixando plasmarem-se alguns lapsos, sei que a engrenagem do tempo em mim e às vezes no que vejo do tempo dos outros, pede um pouco mais de óleo; mas tenho dado ao tempo a verdade que posso - vivo riso e choro quando chegam. Aos outros o tempo que agarram e molham.
Ah!... as almas! Indecifráveis passagens secretas; tão difusas e concretas, com pesos tão distintos que sem força, amor e instinto como albergá-las tantas? Mas ando longe de reclamar, tenho tido almas por onde passo e paro. Não todas - que fique bem claro - ainda!
Não posso com todas as palavras, tempos e almas, mas em todas estas a que tenho acesso, nelas infinito-me!

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