sexta-feira, 29 de outubro de 2010

RIOS.

Rios paralelos que já nasceram como se tivessem bebido, antes, um pouco do mar. Gotejam em silêncio sulcando um caminho tímido. Levam tantas lembranças, lavam tantas dores e o medo que mil amores conseguiram plantar. Mas os rios não fazem milagres e quando secam é porque não há mais água que os alimente, não por falta de saudades que devam ser lavadas. Quando secam, ainda resta o vento assoviando entre seus leitos. E depois eles brotam novamente, são rios intermitentes numa vida que é perene de frustrações, alegrias, quedas e levantes - como a vida de tudo o que é vivo.
E se eles correm agora, mansos, finos, poderosos creiam que há motivos silenciosos no fundo da alma que os alimenta. Uma alma de magma em seu fundo, tantas vezes revoltosa, precisa de rios para esfriar seus ânimos, soprar suas feridas e lhe permitir a caminhada solitária.
Não é possível estancá-los, nem consolar a alma de magma, só se pode deixar que corram e se encontrem com seu destino. E depois de molhar a face, elas - que são rios - caem no vazio e salgam a saudade. Lágrimas.

Um comentário:

Cláudia Isabele disse...

LINDO, sem retoque algum a se fazer... Como sempre!