sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

BSMP!!!

Hoje vi um vídeo de um pai que compete na modalidade triathlon com o filho deficiente. Quando acabou o vídeo, além da emoção pela demonstração de amor deste pai, veio em mim uma vontade de me espancar – como Jim Carrey no filme “O Mentiroso”.

O pequeno vídeo termina com uma frase mais ou menos assim: “se você quer algo, você consegue, basta que se decida por isso”. O rapaz estudou e fez faculdade. Caso não esteja enganada, ele não fala, a não ser com a ajuda de um computador. Falou que se fosse “normal”, colocaria o pai dele na cadeira de rodas e empurraria, como o pai faz com ele nas competições, retribuindo, desta maneira, todo o amor e dedicação que este pai lhe devota. Tudo isso me espanta – como eles são assim deste jeito? E, claro, que estabeleci a comparação comigo mesma, afinal de contas as minhas pernas vão bem, obrigada, meus braços estão legais – apesar dos músculos do tchau estarem ridículos – e eu falo pelos cotovelos. O que ele tem que eu não tenho?

É isso, ele tem uma robusta força de vontade. Ele se enxerga, mas não como os outros o vêem e sim como ele mesmo se vê. Ele olha pras limitações físicas e diz: “eu não sou vocês”. Ele tem coragem e tem medo, mas escolhe todos os dias a quem vai obedecer. É como se a vida dissesse um não para ele e diante disso só lhe restasse correr atrás do sim. E eu me pego sempre no talvez – por isso a vontade de me dar um sapeca iá-iá.

Tá, vamos lá, eu comigo mesma em frente do espelho, me diz aí meu eu, o que me impede de voar? O espelho respondeu com minha imagem refletida. Se ele virasse fumaça colorida e se transformasse numa cara de gênio e falasse que era a Branca de Neve, eu ia sair correndo e gritando: “minha vida é um conto de fadas, uhulll”. Mas não é; não existe esta parada sinistra de bruxa tramando contra mim, não existe a quem responsabilizar a não ser a mim mesma.

Não se apressem em pensar que estou na onda culpista, culposa, culpeira e vou parar por aqui com a constatação eficiente de que eu comando minha própria vida, pois isso cada um sabe – muito embora tantas vezes permita que outros assumam esse papel. Eu quero mais que prometer uma nova pessoa, eu vim dizer que outra de mim está nascendo e sem a violência da culpa por achar que tempo se perde. Isso sempre pareceu uma maluquice da zorra na minha cabeça: como podemos crer em eternidade e dizer que perdemos tempo? Aí é que não acredito mesmo nessa parada de viver 65, 79, 92 anos e achar que mereço um céu ou um inferno; e por este motivo me atrelar a um tal de “viver a vida intensamente” e me jogar em todas as portas abertas às sensações. Ou ficar me escondendo da vida com medo de perder a cobertura de frente pro mar de nuvens lá na casa de São Pedro. A Vida, para mim, é um fenômeno Infinito. E por isso não sinto culpa de não ter feito certas coisas antes.

Quando eu senti vontade de me bater depois do vídeo, foi dizendo a mim mesma: “acorda, viu? Agora você já está em condições, faça o que pode e você pode o que quiser, desde que mantenha firme o desejo”. Por motivos óbvios, não fui tão educada comigo mesma e não usei estes termos, foram outros e não me atrevo a transcrevê-los para vocês. O fato é que é a primeira vez que sinto um negócio por dentro, todo se bulindo e falando como a torcida do Bahêa: “Bora Sâmia Minha Porra!”.

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