sábado, 10 de setembro de 2011

QUASE MORTE É QUASE VIDA

No dia em que eu quase morri não estava só. Estava com Joana e Davi. Eu tangenciei a morte, mas não senti.
Foi assim como quem não quer nada que a morte tentou nos dar um tapa, mas a gente... na verdade, a gente não fez nada! Não tem "mas", o que aconteceu é que o carro bateu depois de girar sobre um viaduto, no meio da chuva e [sim, agora a conjução está no lugar] não fizemos absolutamente nada.
Não teve estilhaços - a não ser do momento. Não teve grito - a não ser dos pneus. Não teve choro - a não ser de chuva.
Não tive tempo de escolher as companhias com as quais entraria no lado da Vida em que corpo é peso. Não que elas não fossem boas, mas tinha mais gente que eu levaria nessa viagem. Longe de mim, amigos, desejá-lhes a morte! Mas eu levaria uma galera nesse passeio e quando a morte viesse, nós todos não teríamos tempo para adeuses. Como eu não teria, nem Joana, nem Davi.
Sobrou uma sensação de que estar vivo é quase morrer. E que quase tudo em que nos apegamos é quase nada. Eu estava toda maquiada e arrumada para uma formatura, mas eu não me formaria no curso que faço. Iria ser pega sem salto alto, porém. Acho que a morte viu que não estávamos prontos.
Não senti medo naquele 12 de agosto. Não dá tempo para o alcance e a espera estarem muito longe. Rodou, bateu, parou. Desci descalça no meio da pista, peguei um para-choque, entrei no carro e paramos num posto. A vida seguia dizendo "ufa, foi por pouco", mas é assim todos os dias! Resta-nos viver, fazer muitos amigos, pois se a roleta nos sortear novamente, estaremos em boa companhia.
Para quem acha que dirige tudo: a vida é um carro em descontrole sobre um viaduto molhado. Para quem acha que não pode nela fazer nada: nós mantivemos a nossa própria calma. Para quem tem pressa: calma, ela te encontra. Para quem não a quer: ela é democrática. Para Deus: valeu, eu não queria abraçar a dita cuja.

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