quarta-feira, 1 de junho de 2011

DAR DO QUE NÃO TEVE

Só porque você não recebeu, não significa que não saiba dar, amor é verbo que nasce com a gente. Aprendemos a ser diferentes até com o que nos pode faltar. Meu pai não teve pai, mas soube como paternar. Eu também sei ser mãe, porque dar o seio cheio de leite, afogar a criança em mimos e manter sua barriga redonda, não é ser mãe. Maternar é um verbo a ser conjugado numa vida toda, é responsabilidade de séculos, é construção milenar. Não tive um seio farto onde minha pequena pudesse matar a fome, mas nunca lhe faltará mamadeiras de proteína moral.

Eu sinto muita falta de um certo colo, mas meu colo está aqui disposto. Eu sinto muita falta de um certo sorriso, mas meu riso está aqui, sem rumo certo. Eu sinto muita falta da santa do andor, onde eu possa me esconder em suas saias, mas me esforço para bordar um xale onde possa aquecer muita gente.

Não quero julgar o que não tive, não quero mais brigar com quem não me deu, eu quero é pegar o que é meu e fazer disso pouso pra mais gente. Não quero voltar ao passado, não quero questionar o que está posto, não quero voltar a ser criança para ignorar o que não veio.

O que posso fazer com o que não foi feito? Fazer do meu jeito. Não vou esperar um tempo de glória jamais construída, alicerçada numa justiça faltosa nessa vida. Nessa vida. Enquanto isso esperam-me mais vidas em busca da minha e não posso esconder-me na desculpa do não tido. Porque o amor não sentido, não precisa se verter no amor magoado, no amor pervertido, porque nunca recebido, mas sempre esperado. Mas agora, sem cobranças, não espero mais nada - o que não quer dizer que não plante esperanças. Há muito tempo no mundo, há muito aprendizado e o que hoje foi começado, pode mesmo amanhã me abrigar. Vou espalhando meu jeito e só porque não recebi, não significa que não possa dar.

Um comentário:

Marigil Vieira disse...

É por isso que eu suo sua fã!!!!
Um abraço com muito carinho...
Gil!