Importa querer mudar de rumo. Saber mudar o prumo também não vem de vez, mas querer é gosto próprio. Não é dormir em cima da vontade e ficar morando na decisão; primeiro é a vontade e depois ação, entretanto, improviso jamais, porque falsidade não compra mudança.
Mas queira, queira com intensidade, sem este veredicto da alma, nada sai do lugar. E para se mover e mudar de direção é preciso, primeiro, a sensação de estar errado, depois a certeza, depois a firmeza de virar o rosto e cravar os pés noutra praia. Milhares de vozes virão - críticas e conselhos. Mas antes de tudo, somente o ouvido escolherá aquela que casa com o coração ou, se já tem esta ferramenta polida, a razão.
Não se distraia com a culpa - este é o conselho que ofereço. Quando nos sentimos culpados, dificilmente, acreditamos que há algo mais a ser feito: está acabado, agora, só resta a "justiça". E ficamos ali parados e o tempo passando e o mundo girando e mais gente errando como nós. Por que nosso erro é quase sempre "mais valioso" que o dos outros? E quem fez a tabela de preço mesmo? Geralmente, a culpa é sempre com megafone e lente de aumento: nunca nos mostra a verdadeira proporção da nossa falta. Aí cremos que nosso deslize é o escorregão do século, com direito a "replay" e "slowmotion" por muito tempo [e com a locução de Faustão de fundo].
Não há erro sem conserto e muito embora o passado esteja posto, impossível de ser mudado, podemos mudar nossa atitude hoje, nem que seja a atitude íntima, já que ela é o começo da mudança de direção. Comecemos, por exemplo, por nos destituir do cargo de juízes: não entendemos tudo da vida, não estamos olhando por todos os ângulos de determinada situação, não possuímos todo o saber e somos responsáveis somente por nossa própria escolha. Estamos todos vivendo dentro de um sistema complexo, de interação constante [mediata e imediata], com milhares de paradigmas e sejamos humildes em assumir que podemos estar errados sobre alguma coisa que pensamos, falamos e fazemos. Vamos pegar leve, né? Humildade... humildade... baixando a bola... nada de se sentir Deus [Jah, Allah, Javé, etc e "Tao"]. Prever o futuro não vamos conseguir, mas podemos construí-lo a partir do momento que pegamos estas escorregadas que fazemos, observamos o nosso papel nelas, vemos o que podemos melhorar e nos decidimos a não repeti-las. Certamente a Vida se encarrega de renovar a oportunidade da prova para que consigamos, finalmente, nos vencer. Afinal, a luta real é sempre consigo mesmo.
Concentremo-nos no que pode ser mudado e não no que seria, poderia, deveria porque eu nunca entendi como existe um tempo verbal chamado "futuro do pretérito". Deve ser pra galera do "e se...". Sabe como é, né? A pessoa deveriiiiiia fazer, mas não fez. A pessoa seriiiiiiia mais feliz se tivesse escolhido aquilo, mas não escolheu. A pessoa poderiiiiiia, mas... ah! faça-me o favor, meu povo! E se eu tivesse isso ou aquilo é pura suposição, não tem como saber! Que coisa mais agoniosa! Vamos pegar o material que sobrou daquela casa véia, aproveitar a madeira de lei, adquirir material novo e fazer nova construção. E não fique triste se estiver ainda só no projeto, o que não pode é desistir de planejar só porque um dia a sua casa caiu. E se nada do que restou servir para uma outra casa, faz assim, escreve nas costas: "de mudança".
3 comentários:
A culpa exagerada não deixa de ser uma espécie de proseira(como é que eu, uma criatura quase perfeita, fui fazer uma coisa dessas?)
Perfeito!!!
"E se nada do que restou servir para uma outra casa, faz assim, escreve nas costas: "de mudança"."
Abraços,
Cléber Nascimento
Cada um só dá o que tem! Tudo que materializamos possui como resultado final as nossas qualidades e imperfeições. Por mais perfeita que seja o alcance dessa humanidade, no final dos tempos, ainda assim, será uma pefeição relativa e, não, uma perfeição absoluta como a de Deus! Buscamos, sempre, aperfeiçoamento e, assim deve ser feito, pois essa é a vontade do Pai Criador. Buscar as altas esferas celestiais é, sem dúvida, uma bênção. No solo sagrado não há portas, porém só alcançamos a entrada onde nos é de direito.
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