Feito cobra a gente vai, de vez em quando, largando os velhos rastros, as rotas peles, pela estrada, numa pedra, num toco escorado no meio do deserto. Feito um velho leão a gente vai de vez em quando aprendendo a ceder o terreno, não andar em bando, ceder a chefia, perder pro mais novo. E vai se desselvajando devagarinho, domesticando a própria ira revelando mentiras que contou no caminho: mostrando a face em ruga, miando baixinho, arranhando sem nada mais rasgar.
É preciso dar-se à forja e deixar a fera de fora do cercado - quem sair da linha toma chicotada. Cadê que passarinho bate? Cadê que andorinha grita? Quando preso na gaiola, se de tristeza não morre, aprende a fazer da grade morada de melodia. Canta, pula, bica e pia - se contenta em voar baixo.
Cão que morde a mão do dono vive com estrangulador no pescoço - é preciso fazer graça, rolar, deitar, dar a patinha e fingir de morto. Bem melhor ser descãozado, que ter corda no pescoço!
A gente vai caminhando e aprendendo a revirar a natureza, desembrulhar o estômago do papel da rudeza; não ser mais arredio, nem guardar mais braveza. Um dia, para aquele que foi predador, sorri o lugar de presa.
5 comentários:
Eita menina retada, quando voce colocar tudo isso num livro estarei na fila para receber o meu livro autografado.
Parabens.
Vou querer um exemplar autografado, tirar foto e se bobear [olha o auto-marketing vaidoso e oportunista] assino o prefácio da obra!
Ah, que sonho!
:D
Vocês estão alimentando o meu próprio sonho com estas palavras tão bonitas que dizem do que escrevo. Não me custa nada sonhar - custa publicar. rs
Mas, se é para sonhar, os vejo na fila dos meus amigos, sorridentes por acompanharem como um blog pode virar [nesse mundo de hoje] um livro!
Claudinha, o prefácio é seu! FATO.
Luix, obrigada por sentir a poesia do texto.
Beijos!
Sâmia.
Ohhhhhhhhhhhhhhh!
Ganhei!
O prefácio é meu!
Diliça!
=D
Você arrebenta... simplesmente... lindo!
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