domingo, 2 de janeiro de 2011

PÉROLAS AOS PORCOS

que cores são estas com que pintas os olhos do mundo?
cores que não avivam nada e ainda espalham terror?
verdade é coisa que não dizemos, porque nenhuma boca a retém
parte dela, porém, está no que sentimos
se tua vista te consome, arranca-a, mas não pecas deste jeito
não levas a escuridão das cores que pintas teu peito
a cegar os olhos dos que querem rir
és sofrido - como duvidar?
mas se sofres em demasia, pode ser que preferiste um dia
cortar-se de faca bem afiada
pintaste a tua dor de cor tão profunda
que ela se esmera em sangue
mas não te leva a nada
a não ser, claro, a pintares realidades em muros alheios
quem te deu a bainha da espada de Minerva?
guardas teus golpes de misericórdia
para aplicares nesta erva
que teima em enramar nos teus olhos
e deixa na paz que podem outros seios
não me venhas com desculpa da arte
bem sabemos que ela é própria escolha
nem tão livre um poeta
nem tão preso numa bolha
que não possa fugir à métrica
se até de rimas podemos escapar
se até da morte alguém se salvou
se até do frio se pode fugir
por que tu sais por aí
a espalhar teu rancor?
pensas que depois que muitos hoje te ouviram
foram dormir pisando em lágrimas
foram ao banheiro tendo náuseas
porque tu usaste a boca feito estribo
ergue-te de teu lamaçal
podes ainda curar tua dor
mas se preferes lamber o Mal
então és cego para o Amor

Um comentário:

Marcelo disse...

Profundo... Precisa de interpretar? rs

Beijo!