domingo, 13 de junho de 2010

ESTANQUE FLUIDEZ.

De pé a escultura precisou do barro duro e a água mole para se firmar.

O pó de argila que agora é lama se deixa moldar para nascer a forma.

A mulher que triste chora, deixa sua lágrima misturar com o pó da face maquiada.

Precisou não ser mais amada, para descobrir a forma que nasce da dor.

Duas listras na face multicolor.

O chão seco, com a garganta aberta e rachada, grita rouco para o céu – chora!

Os castelos de areia pedem ao mar – vai embora!

Dureza e moleza não dizem nada sem que estejam no lugar.


{Dedicado ao professor Roberto}

4 comentários:

Anônimo disse...

O duro e o maleável convivem no pão.

De água e de fina farinha se molda.
Do calor do forno, no tempo exato, tira sua crocância e sua maciez.

Esquecido num canto, sem matar a fome de ninguém, é duro e se esboroa.
Não é mais pão.
É caminho esfarelado no morro de argila e de vida seca.

Bj.

Roberto.

Adorei o texto. Ele também me inspirou.

Mais bj.

Preta Guerra disse...

Areia nos olhos...
É sensação contínua de choro e fingir, que chora.


Maquilagem borrada, a marca de uma lágrima literalmente não nos deixando fingir.

Chora!

Sâmia Siso disse...

Chora, que de sorrir, chora. Gargalha da vida e vai embora, melhor ser assim que amargar de dor.
Sorri, que de chorar, sorri. Lacrimeja a vida e fica aqui, melhor ser assim que fugir do amor!

{Sâmia}

Anônimo disse...

História Alegre I

Escrever uma história bonita e alegre quando o coração quer parar?

Se a beleza está comprometida com a tristeza e o coração deseja a inação, a história sai alegre a pulso?

Quem sabe se dissermos:
― Não pare não. Fique alegre coração.

Repetir a frase mágica pode fazer alegre o coração triste. E a história pode ser de doces...

Eu ganhei ontem duas trufas que comi hoje. Ganhá-las foi mais alegre que comê-las, porque a generosidade é mais alegre que a fartura.

Os homens poderiam ser mais generosos. A tristeza seria menor.

O mundo é sempre diferente do que se quer. O amor não acontece todo dia. A amizade não acontece todo dia. O querer não se satisfaz todo dia. E a vida fica triste como uma lágrima.

Uma história alegre não se conta quando a lágrima rola do desencontro.

Se ao menos o telefone tocasse e uma voz falasse nele: “eu te amo”.

Se alguém desse uma bala, uma trufa, um pedaço de melancia, um pouco de mingau de aveia.

O telefone está mudo. E as mãos não se estendem para dar, estão vazias. E o encontro não acontece.

Hoje, não posso dar a ninguém uma história alegre.

Mas posso dar o cristal de uma lágrima. E palavras. Lágrima, pérola no ar que a luz ilumina. Cristal rolando na face bela: choperolaprismar.

O choro é um prisma luminoso e o coração não tem mais medo de tristar.

Ele trista e choperolaprisma alegre, formando novas palavras que re-significam a vida, o amor, a dor, a tristeza e a morte.

Não contei nada alegre, nem estendi as mãos cheias de trufas. Talvez tenha feito alegria com palavras.

Chore... Ria... Triste... Choperolaprisme...


Bj.

Roberto.