quarta-feira, 26 de maio de 2010

SEM QUE ME VEJAM.

Quando penso em me achar, encontro-me naquilo que nem imaginava... e quando penso em pôr os pés no mato, eis que minhas vontades correm loucas para o mar. Não é por querer, é por amar. Quando menos peço, mais peco em achar que poder e ter se apartam na realidade. Nem é bem assim - ganhei tantos brindes!

Parece que produzo um cheiro que chama o incerto, mas ele traz um quê de felicidade risonha [há felicidades que não riem]. Parece que eu digo coisas que não sei, mas é bem verdade que tudo parece fugir: quando agarro o sonho os passarinhos amanhecem o dia enfurecidos! E minha janela me acorda. Mesmo assim insisto em sentir o vento nos olhos fechados... insisto.

Na casa de quem não tem saber mora sempre uma bacia de incertezas e medo. Na minha não tem tudo isso, mas ele ainda está lá [o medo]. Eu só sei que na cama há um espaço que eu uso para produzir suspiros: é o ontem, é o hoje, é o amanhã que vem, que foi, que é. E os suspiros vão lavando as coisas e me adormecendo.

Há olhos que me buscam no vago vão do meu olhar... há respiração que traz cheiro de criança e há também tanta saudade... mas é tão pouco o tempo! Esse bandido que rouba as horas de travesseiro, da manhã, da tarde com biscoitos e do riso do menino. Bandido, também, que nem sabe, mas me tem. Ou eu acho...

É bem de leve que se faz a vida pesada, concreta; sem isso as garras da ansiedade nos prendem em suas masmorras e é de agonia que se viveria por lá. Assim foi que aprendi a passear descalça na trilha da espera. Descalcei as culpas, fabriquei alguns pesares, mas ao fim me encontro aqui - derramando suspiros. Sairei por aí tranquila e os passarinhos que vão acordar a vizinha, porque eu nem vou dormir!


4 comentários:

Marcelo disse...

Num momento num extremo e no outro próximo do outro extremo...

Sâmia disse...

Marcelo... acho que você está pegando a arte e interpretando como a essência real... aqui tem mais que textos diretos e que dizem quem eu sou. Têm textos que refletem o que absorvi dos outros e do mundo e, enfim... não leva tão à "sério". Tá? Um beijão!!! Te adoro muitíssimo!

Marcelo disse...

É... Pode ser.
Mas não tive a intenção de sequer discordar. Foi só uma mera observação mesmo...

Beijo!

Anônimo disse...

Se tivesse de roubar algo, roubaria este trecho:


"Há olhos que me buscam no vago vão do meu olhar... há respiração que traz cheiro de criança e há também tanta saudade... mas é tão pouco o tempo! Esse bandido que rouba as horas de travesseiro, da manhã, da tarde com biscoitos e do riso do menino. Bandido, também, que nem sabe, mas me tem. Ou eu acho..."

É perfeito. Imagens que explodem na retina, cheiros que invadem as narinas e lembranças que aconchegam o agora. Lindo.

Bj.
Roberto.