sexta-feira, 26 de junho de 2009

A SANHA CHICLETISTA!


"A vida é minha e eu faço o que quiser!" Sabe? Cada dia a mais eu desconfio que isso é um grande equívoco! Pensar que nossa vida é só nossa é bem natural, mas achar que tudo o que diz respeito a ela atinge somente a nós mesmos, é errado.

Você fuma. O pulmão é seu. Os dentes amarelados, o mau hálito, as rugas em volta da boca e o eterno cheiro de fumaça ao seu redor também sao seus. Fume longe de mim! Muito longe! Odeio cheiro de fumaça! Você tem plano de saúde? Legal... quando ficar doente seu plano vai cobrir suas despesas. Não tem plano? Quando você se tornar um cardiopata ou sei lá qual complicação decorrente deste hábito, ocupará um leito do SUS. Fico pensando que você poderia arcar com esta escolha também, não?

Você bebe. O fígado é seu. Também tudo que lhe carcteriza, da mesma forma que o fumante, é de sua conta. O leito que você ocupará no SUS com uma cirrose galopante [o galopante é por minha conta] poderia ser ocupado por um doente qualquer. Mas você estará lá... incólume, ocupando o lugar de um cara que adoeceu por outros motivos.

Agora... falarei sobre o que me motivou a escrever um texto. O chiclete. Diabos de chiclete! Não haverá aqui um discurso contra o chiclete, afinal de contas o dente cariado é seu, o estômago roendo também, enfim... mas não é seu o sapato grudado pela borrachinha de mascar gasta. Não é seu o trabalho de tirar do pé aquela porqueira grudante que sai pegando tudo quanto é lixo a cada pisada! Masque sua borracha doce, mas tenha a decência de enrolar num papel [o mesmo que ele veio antes de entrar na sua boca] e jogá-lo no lixo! Eu não tenho nada a ver com sua preferência por morango, tuti-frutti ou hortelã, mas não quero levar de presente na sola de MEU sapato sua lembrança salivada!

Eu estou falando sobre pequenas ações que refletem o tanto de egoísmo que ainda possuímos. Estou falando, na verdade, da ilusão que temos de estarmos sempre numa bolha só nossa e não numa grande bolha azul coletiva. Essa consciência que pouco a pouco brota em algumas pessoas, deve ser incentivada ao máximo. E nas mínimas coisas, como no chiclete, por que não?

Devemos pensar mais nos outros, na importância do sentimento dos outros e o quanto as nossas ações interferem na vida de alguém. Isso não é virar marionete, pois nos sobram milhões de outras escolhas que não atingem o nosso próximo e que não nos tiram a liberdade. Exige sacrifício? Sim... mas no final das contas também não seremos vítimas do nosso próprio egoísmo? Essa coisa de dizer que o "mundo é dos espertos" é auto-destrutiva. Só sobrarão espertos? Eles farão o que quando estiverem entre si? O mundo não pode ser só dos espertos e egoístas. Que vivem como se estivessem sozinhos! No final das contas, realmente, vai ficar como no jogo "resta um".

Não seja chicletista, não seja o símbolo do egoísmo detruidor, porque não pense você que seu chiclete não volta ao seu pé, ou ainda melhor: o chiclete de outro egoísta como você pode te "pegar" na próxima esquina.

{Homenagem a Claude}


Um comentário:

Marcelo disse...

Saminha,

Adorei o texto...

E até acho que ele vai muito profundo e em váááárias coisas (acredito que sua idéia original seja exatamente isto).

É sempre mais fácil olhar para o próprio umbigo e agir impensadamente (e os outros que se lasquem).


Beijão.