Sempre me questionei sobre
algumas ações minhas. Na verdade, a questão é como executo determinados papéis
que possuo – por encargo ou escolha – nesta vida. Eu erro, tu erras, ele erra e
erramos todos. Mas como é complicado lidar com o erro! Quase sempre nos fazemos
aquela pergunta quando dá uma merda qualquer: “onde foi que eu errei?”. Daí, ao
descobrirmos onde erramos, partimos algumas vezes para a punição.
Na atitude de auto-punição nós
não modificamos nada ao nosso redor, tampouco em nosso interior. Onde está a
reabilitação? Será que o culpado se permite reabilitar? Será que o culpado se
permite rever os próprios passos na intenção de fazer diferente do momento da
constatação do erro em diante? Eu creio que não. Mas o responsável sim. O
responsável revê seu caminho, identifica o erro e se propõe a modificar o que
desacertou. Aqui entra o ponto “vítima” da minha reflexão de agora: a
disponibilidade.
Não... não estou falando do
status do bate-papo. Estou falando de disposição íntima para realizar
determinada coisa. Disposição é tudo! Estar disponível é permitir que as
ferramentas pessoais entrem em ação. Estar disponível é permitir que a
constatação do erro sirva para modificação da realidade, pois podemos ser
virtuosos, trazer características positivas, ter bom coração, mas sem boa
vontade, ou seja, disponibilidade ao acerto, não teremos direcionamento
consciente de nossas ações.
Acostumamo-nos a pensar que a
vida é o arranjo que parte sempre em direção ao equilíbrio. Correto.
Entretanto, a nossa inteligência deve ser testada e ampliada para compreender
que podemos interferir no processo de reequilíbrio estabelecendo o domínio das
nossas atitudes – sobretudo o domínio emocional. Eu falo de reequilíbrio,
porque faz parte do processo de aprendizado o “arrumar-desarrumar-arrumar”.
Erramos todos porque é fato que agiremos pela ignorância e o desconhecimento
nos faz desbravar novas terras, que uma vez desbravadas, agregam em nós o
conhecimento, que por sua vez nos faz firmar atitudes novas e que nos
impulsiona para o desconhecido e assim sucessivamente. Não errar é não viver.
Errar não é problema, problema maior é quando não nos disponibilizamos ao
acerto.
O automatismo rege a ignorância;
no momento que nos tornamos conhecedores a única coisa que nos impede de acertar
é a disposição íntima para a real modificação interna e externa. A vida vai se
equilibrar depois do desacerto? Sim, mas não é melhor que participemos disso
para que ela não faça isso cegamente? Vamos a um exemplo concreto? Transporte
de substâncias através da membrana de uma célula animal. Naturalmente elas
podem ser transportadas obedecendo o gradiente de concentração e, portanto, sem
gasto de energia. Mas há o caso do transporte ativo, que é feito contra o
gradiente de concentração e com gasto de energia. Estar disposto é isso: é
gastar energia, movimentar a inteligência, emocional também, para gerenciar a
direção da própria vida.
E estar disposto não é bradar com
todo pulmão “eis-me aqui”, é dizer que está disponível para agir e não somente sofrer
a ação automática da vida, que promove o equilíbrio novamente. Refletir acerca
do ponto onde errou, esforçar-se para perceber como deveria ter agido,
identificar as possibilidades de conserto e dizer “estou disposto a fazer tudo
para ser melhor”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário