terça-feira, 29 de março de 2011

VEJA SE NÃO É.

Fineza. Sempre tem uma palavra que entrava, né não? Tem palavra que é anasalisada de tal forma que o nariz coça. Tem palavra que me lembra uma cobra falando e se cobra falasse seria daquele jeito: fineza. Mas esta palavra - fineza - não me incomoda só pelo som. Tem algo mais que ela esconde que me dá nos nervos. Nem deveria, né? Que coisa maravilhosa a fineza [e hoje sob diversos parâmetros: para a educação e para a magreza]. Só que eu não confio nessa palavra! Ela vem com uma segunda intenção raivosa. Todas as vezes que ouvi alguma pessoa falando "fineza devolver a caneta", penso que a pessoa está com tanto ódio que se pudesse, pegaria a caneta e [sem fineza alguma] daria um jeito. Ou então: "fineza abaixar a tampa do vaso sanitário". Se isso vier de um bilhete escrito acima do lugar da descarga, saiba que este casamento morreu. Finadíssimo. Primeiro por causa do bilhete, depois por conta do "fineza" que antecede todo o restante... 
Fineza é uma ironia, a pior das ironias, são as [re]veladas. Sim, eu sei que para ser ironia tem que ser metade velada, metade intenção mesmo. Mas o "fineza" traz a ironia de quem planeja horrores! A pessoa pensa "se eu pudesse, pegaria um tacape, uma clave, um rinoceronte e tacava em..." e depois diz, "fineza não bater na porta antes de entrar". E o rinoceronte imaginário aparece sob o olhar do ser raivoso com aquele chifre furando o deseducado que não leu o cartaz e bateu.
Também tem uma outra coisa que me agasta. O fineza tem um habitat, ele não nasce assim de qualquer boca. Não. Ele vem de pessoas com nomes que não se põem em bebês. Nomes como Gertrudes e Sandoval. Clodoaldo e Marisilvânia. Esses nomes são como um terreno propício para o fineza. Eu não consigo imaginar como uma mãe olha para um bebê e diz: Erotildes. Ela está marcando esta criança com um nome que propiciará finezas futuras! Agora não me perguntem qual a lógica do que acabo de dizer, pois não há. Eu só sei que nunca vi uma Sâmia falando "fineza não pisar na grama". Eu sempre ouço o fineza com uma voz imaginária de atendente de guichê: "o próximo!". "Senhor[¬¬], fineza esperar a sua vez!". Olha aí - batata!
O fineza é uma panela de pressão com o pito semi-entupido. Odeio panelas de pressão e em minha casa eu não terei nenhuma! Vou cozinhar aipim em panela de gente normal e mesmo que dure um mês, gaste um botijão de gás, assim será! E se o fineza me lembra a panela é que tem toda a razão. A pessoa está segurando alguma disgrama por dentro. Prendendo uma vontade de xingar e não pode, cozinhando o fígado em banho-maria, sofreando impropérios e só solta um fineza? Oxe... aí tem! Saia de baixo que quando não houver mais fineza alguma, o fineza vai desaparecer para dar lugar a nomes nada delgados!

P.s.: Não case com ninguém que fale fineza.
P.s.2: Você casou? Faça terapia de casal e tente ajudar o seu[sua] companheiro[a] a abrir mais o coração.
P.s.3: Se ele abrir o coração, peça para tirar a pressão antes. A da "panela".
P.s.4: Há "por favores" que têm sentido de "fineza", se a pessoa tiver com a carinha assim "¬¬", fuja.

2 comentários:

Luiza Guimarães disse...

Hahahaha! Adoro esse seu senso de humor!

Cláudia Isabele disse...

Me acaboooooo...
Delicioso de ler!
=D