sábado, 12 de junho de 2010

PEGA, LADRÃO.

Se nasceu com o coração atrás de um tampo de vidro,

não adianta negar que ele te arde.

Embora seja duro esconder essa parte,

alguém vai partir este teu amigo.

Uma vez ele exposto desde o teu nascimento,

todos sabem o que vai nele, então.

Se não te arrancam todo o coração,

feri-lo é só questão de tempo.

Pode pular, se debater de medo agora;

antes mesmo que te arranquem a cabeça.

Não há fuga, nem nada que impeça,

quando, enfim, chegar a tua hora.

Vais querer impedir tamanho sofrimento,

fugir do que te faz amar.

Mas ele te vão roubar,

e tu vais assentir sem consentimento.

Estará ele não mais na vitrine,

mas nas barracas sujas de uma feira.

Verás a tua melhor parte inteira,

cortada e jogada num cesto de vime.

E lá todo partido o órgão,

sorrirá contente de volta.

Atravessaste de uma vez a porta

daqueles que amam sem noção.

Quebraram todo vidro e toda regra,

abriram ali um vão.

Levaram-te todo o coração,

estraçalharam o tampo à pedra!


3 comentários:

Anônimo disse...

peeeeeeeeega, ladrão... meu coração você não rouba mais não!! rssrsrs Ass: Mulher Canalha

Anônimo disse...

O tampo de vidro é a fragilidade.
O coração picado entre os restos de peixe e carne da feira livre é a fortaleza do pó que se anuncia.
O pó que virá é a decomposição depois do verme.
E nele não há mais o que doer.
É poeira de estrelas, molécula desagregada esperando a reconstrução.

Do pó vieste, do pó virá.

Bj.

Roberto.

Luiza Guimarães disse...

"Não há fuga, nem nada que impeça,

quando, enfim, chegar a tua hora.

Vais querer impedir tamanho sofrimento,

fugir do que te faz amar.

Mas ele te vão roubar,

e tu vais assentir sem consentimento."

Facadinha! rs