domingo, 11 de outubro de 2009

CUSTO DA FELICIDADE


Desistir? Jamais!

Não devemos desistir nunca de sermos felizes. Isso é uma frase bem típica de orkut, né? Eu concordo com ela , entretanto, sempre que a vejo, pergunto-me o que quis dizer o interlocutor desta mensagem. Porque querer felicidade é muito lícito, não? A que custo?

Quando dizemos que vamos ser felizes, custe o que custar, significa que passaremos por cima de qualquer coisa para conseguir esta bendita felicidade. Aí é que mora o perigo, pois real felicidade conquistamos somente sem prejuízo de qualquer pessoa. Se o que vamos passar por cima é algo que diz respeito ao direito de outrem, então jamais seremos felizes.

É simples, a condição sine qua non para estarmos efetivamente ligados à felicidade é não ferirmos, nem adentrarmos desrespeitosamente no "terreno" de ninguém. O grande problema é acharmos que o outro está nos impedindo de sermos felizes, porque aí estaremos interpretando a felicidade como uma disputa a ser vencida: "o outro possui algo e este algo é o que me faria feliz , então eu vou lá pegar, mas antes disso eu atrolepo este outro". Ou então: "alguém possui a chave de minha felicidade, vou grudar neste alguém e assim serei feliz". Nem uma coisa, nem outra; ninguém efetivamente nos impede a felicidade, tampouco no-la dá.

Precisamos, custe o que custar - para nós - passar por cima do que nos prende à condição de infelicidade. Isso sim! O que seria então? Se fizermos uma revista, perceberemos algumas atitudes que nos mantém num sofrido estado de infelicidade oscilante. Resumindo todas elas, geralmente, colocamos motivos para sermos felizes fora e muito longe de nós. O outro, por mais amado seja, está sempre muito livre para ir embora; as coisas, por mais cuidadas sejam, estão sujeitas ao desgaste tão bem conduzido pelo mestre Tempo; a idade, por mais queira a Ciência disfarçar-lhe as marcas, uma hora se impõe; vão-se os anéis e uma hora os dedos também! O que fica? Infelizmente esta questão acorrerá à maioria de nós num momento em que muita coisa não pode mais ser feita: num leito de morte. "Devia ter amado mais, ter errado mais", "devia ter aceitado a vida como ela é", acho que estas frases da música "Epitáfio" respondem parte da nossa questão - o que fica? repito. Fica o amor que se deu, a lição dos erros que cometeu, o risco que correu porque soube caminhar, fica a "re-signação"*, um ser humano cheio de aprendizado...

O que precisamos para sermos felizes está inapelavelmente em nós! Então não devemos desistir jamais, não devemos desistir de nos tornarmos vitoriosos e a vitória que logramos é sobre nós mesmos. Não há inimigos externos, sem que haja anteriormente o inimigo interno; a fuga, a culpa, o medo, a revolta onde moram? No outro? Também, mas cada um com a sua e tão somente a sua e esta atraindo ou repelindo condições que nos rodeiam.

É preciso descobrir onde está o tesouro que as traças não roem e os ladrões não levam, depois precisamos investir pesadamente neste tesouro e nele depositarmos o nosso coração. Enquanto nos predermos em fatores impermanentes a nossa felicidade estará sempre num horizonte fugidio e escorregadio; o que permanece é que é ouro!

*re-signação: no meu conceito é dar um novo significado a um determinado acontecimento. É descobrir o 'para quê' de determinada circuntância. Efetivamente o passado não pode ser mudado, porém algumas lições podem ser tiradas de erros ou outras coisas desagradáveis. Resignação não seria, para mim, uma aceitação cega daquilo que nos magoou, mas uma aceitação reformulada, um reequilíbrio entre a demanda, a oferta e o produto destas duas variáveis.

Um comentário:

Sócrates disse...

Maravilha de texto!!!
Cada vez você escreve melhor!!!