sexta-feira, 21 de agosto de 2009

LAÇOS


Um fio de caminho sozinho não tece nada. Vamos andando e atando laços. São tantos que ao longo da vida concretizamos... uns mais belos que os outros. E o que seria da vida sem aquele laço que se forma no cordão umbilical? Não seria! E o laço que damos no dente de leite e puxamos para que nasça um outro no lugar? É engraçado pensar que a vida é um grande novelo de linhas múltiplas, que se encontram e desencontram, às vezes, para nunca mais...

Há aquele laço que damos voluntariamente e que se chama amizade. Importantíssimo! Indispensável! Laço bem dado este! O fio paralelo, enlaçado, eterno da amizade é o amor fraterno em plena ação. Nossa... de pensar me emociona. Não tem desespero, obrigação, rolo de pastel atrás da porta, aniversário de sogra, aliança de ouro... sem panelas pra lavar, pares de meias trocados, nem lado da cama preferido; nada disso se impõe a um amigo, e para falar toda a verdade: amizade nunca se impõe. Não tem obrigação de dar certo e não contamos os meses; não fazemos planos pro futuro, nem bodas de prata, não tem herança, litígio, bens! Não tem "se você me deixar eu morro", assinatura, mudança de nome [nem de planos!!!]. Herdeiros, herdades, vaidades, maquiagens, afinal é amizade e estamos falando de laço voluntário.

Olha só que beleza. Um dia conhecemos alguém, depois de um tempo este alguém partilha nossos contos, cantos, medos, desejos, segredos; luta por nós, conosco e nós por ele. Sentimo-lhe a falta, mas sem problemas de marcar encontros todos cheios de pompa, que é isso? Amizade se compra? Duvido! Sentamos na beira da calçada descalços, descabelados, de camisa de casa, sem escovar os dentes depois do lanche, sem fazer as unhas e sem escolher sapato. Amigo, de fato, é o que olha o olho, a alma, o sorriso [não o dente], que estima sem penduricalhos que escondem tudo de mais simples e belo. Você senta na praça, enfia as maõs no bolso e acha umas moedas, vai ali, compra um biscoito, um suco e divide isso com seu melhor amigo, sem pressa, sem título de faculdade, sem emprego bombadão, sem carro [nem do ano, nem de ano nenhum]. Colo de graça, ombro pra sempre, tudo em duas mãos, em via dupla, em qualquer direção, cor e credo. Mais belo que isso? Só amor de mãe pra filho.

Você está numa pior, perdeu tudo, mas não existe isso de perder amigo. Isso é impossível! Se perdeu, é que não era amigo. Você está longe, viajou pro outro lado do mundo; se perdeu, é que não é amigo. Você casou, teve filhos; se o amigo sumiu, é que não é amigo. Ganhou uma bolada de dinheiro, ficou rico; se esqueceu daquela pessoa do banquinho da praça que dividiu o suco e o biscoito contigo, você é uma merda de gente que não vale mais nada! E se só faz amizade com aquele povo que pode te dar status e qualquer coisa material em troca? Sinto lhe dizer que você tem grandes chances de morrer numa profunda solidão.

Se existe um laço mais leve e mais forte que não tenha o aval da consanguinidade para acontecer, este laço se chama amizade. Não há nada mais brando e aquecedor que ter amigos. Um casamento sem papel, um compromisso sem amarras, uma companhia sem interesse sexual, uma mão sincera. Isto é amigo. E é bom que possamos estender este laço para todos os laços de nossas vidas, porque qualquer coisa pode durar muito, mas sem amizade, jamais será eterno!

{aos meus grandes amigos da Vida}

2 comentários:

Luiza Guimarães disse...

E aqui me pergunto: O que comentar diante de palavras que resumiram este laço tão pleno do jeito que compartilhamos tão bem? Apenas digo que te amo demais e pra toda vida!

Marcelo disse...

UHUUUUU...
Me senti homenageado neste post!

Não quero nem saber quem mais foi, só sei que me senti assim!

E é assim que as amizades verdadeiras ultrapassam todas as barreiras que existem ou que podem existir.

Amizade sincera traduzida em amor puro é algo que extrapola todos os limites físicos (inclusive distâncias).

Beijão minha amiga,
Marcelo